Estragos em aeronaves podem ter sido causados por combustível adulterado

Técnicos contratados pela Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (AOPA Brasil) estiveram no aeroporto de Jundiaí (SP) para coletar amostras da gasolina de aeronaves de pequeno porte após pilotos relatarem estragos que podem ter sido causados por adulteração.

Imagens mostram o líquido escorrendo pelo tanque do avião. Pilotos, que não quiseram se identificar, afirmaram para a reportagem que o combustível corroeu mangueiras e ficou com uma consistência completamente diferente do comum. Por isso, muitos estão deixando os aviões estacionados.

O lote de combustível que possivelmente está adulterado foi drenado dos tanques do aeroporto. Ao todo, foram retiradas amostras de 10 aeronaves estacionadas nos aeroportos administrados pelo Consórcio Voa São Paulo, sendo 8 em Jundiaí e outras duas em Campinas.

Os materiais serão encaminhados à perícia para que sejam inseridos na investigação junto com outros lados, tanto na Agência Nacional do Petróleo (ANP) quanto de empresas privadas.

“Esses laudos vão ser periciados e serão encaminhados para a delegacia aqui de Jundiaí, onde a associação abriu um boletim de ocorrência para que pudesse, lá na frente, fazer a contraprova entre laudos fornecidos pelos órgãos regulatórios, como a própria ANP, e as próprias distribuidoras que já fizeram seu lado de todos os tanques”, explica Marcel Moure, que é presidente do consórcio Voa-SP.

Até o momento, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que já recebeu 73 relatos de possíveis problemas em aeronaves no país. O combustível adulterado pode ter causado danos e corrosões em tanques e em peças de diversas aeronaves, além de vazamentos.

Os tanques de todos os aeroportos, incluindo Bragança Paulista, Itanhaém e Ubatuba, foram drenados e todo o combustível do lote com suspeita de contaminação foi retirado e depois substituído.

Os primeiros relatos sobre a degradação dos componentes do sistema de armazenamentos e distribuição da gasolina de aviação foram feitos por pilotos de diversos estados brasileiros, como Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás.

Eles citam corrosões agressivas em tanques de aeronaves, juntas, mangueiras, seletoras, bicos injetores, drenos e em outras partes e componentes.

Em nota, a Petrobrás informou que decidiu interromper o fornecimento do lote de combustível que tem a suspeita de adulteração.

A nota diz também que a medida foi tomada até saber os detalhes da composição que foi usada e quais possíveis efeitos que esse combustível pode causar.

Fonte: G1/Jundiaí