Faixas mostram poder de facção em bairros periféricos de Várzea Paulista

Uma simples faixa colocada à vista de todos que percorrem o Jardim Promeca, em Várzea Paulista, mostra a influência que uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios de todo o país tem entre seus moradores, incluindo naqueles envolvidos com o crime.

Com os dizeres que roubos na “quebrada” não serão admitidos, os autores da faixa prometem punição à altura a quem desrespeitar a ordem. Além de condutas criminosas, é clara a faixa ao afirmar que estará “sujeito a cacete”, ou seja, à mesma punição quem “tirar de giro” ou “chamar no grau”.

O aviso anterior diz respeito a manobras de motocicletas, que aceleram geralmente com a moto parada ou em movimento, e os que empinam, condutas que colocam em risco os pedestres e podem causar acidente. É uma preocupação que acaba agradando moradores do bairro, que enxergam na facção um lado “ordeiro”.

Em conversa com a reportagem, um morador do bairro, que pediu para não ser identificado, disse que, apesar de ter policiamento no local, o que inibe certas condutas, como a de motoqueiros ou de criminosos que praticam – ou praticavam roubos no Jardim Promeca – é especificamente a ordem de uma facção criminosa considerada atualmente é maior do país.

A mesma facção é responsável por praticamente todos os pontos de tráfico do Estado de São Paulo, operando ainda em diversos outros estados do país, como ramificação até mesmo, segundo a Polícia Federal, com máfias italianas.

“O cara que pretende roubar no bairro ou o motoqueiro que gosta de causar baderna respeitam a ordem, pois sabem que podem até fugir da polícia, mas nunca da facção. E são cobrados à altura mesmo quando desrespeitam uma ordem dela”, diz o morador.

Ele disse perceber que o criminoso teme a polícia, mas tem ainda mais um grande grupo criminoso, já que a polícia, em caso de prisão, o submeterá aos trâmites da lei. Já a facção pode até matá-lo, caso seja decidido pelos chefes, não se importando com as normas legais.

“No final das contas, é algo estranho, porque sabemos que se trata da ordem de uma organização que comete crimes. Porém, no nosso caso, a ordem traz uma segurança aos moradores que a polícia nunca conseguiu dar, além da paz de poder dormir sem a baderna de motoqueiros”, comenta.

Placa semelhante já foram vistas principalmente em bairros periféricos da capital paulista e a ordem acaba se estendendo para o interior, onde a facção atual também como muita força.

A polícia diz investigar o caso. No entanto, assim como no caso das faixas colocadas na capital como nos municípios do interior, nenhum suspeito foi preso até hoje.

Fonte: Imprensa Policial