Professor pede desculpas sobre ocorrido e diz que objetivo era divulgar peça sobre racismo

O professor de História que foi filmado usando uma roupa da Ku Klux Kan – grupo supremacista branco dos EUA – dentro de uma escola estadual de Santo André, na Grande São Paulo, divulgou uma carta nesta quarta-feira (22) se desculpando e dizendo que o episódio foi “um grande mal-entendido criado na festa de final de ano na Escola Estadual Amaral Wagner”.

Segundo Luiz Antonio Bortollo, de 71 anos, em 8 de dezembro, quando as imagens foram feitas, professores e alunos foram convidados a se fantasiar na festa. Ele, então, conta que pegou a fantasia que estava no armário com o intuito de divulgar uma peça que seria feita na escola em 13 de maio de 2022, por ocasião da libertação formal dos escravos.

A peça, segundo Bortollo, denunciava justamente o racismo e já havia sido apresentada em outra escola que ele dava aula, a E.E. Oscavo de Paula e Silva, também em Santo André. Mas, em razão da pandemia, o espetáculo na unidade onde foi flagrado pelos alunos com a roupa não pôde ser realizado.

Inquérito policial

Por causa do episódio, um inquérito foi aberto na 2ª Delegacia de Polícia de Santo André. O professor teria que prestar depoimento nesta quinta-feira (23) ao delegado titular do DP, mas o advogado Aldo Moreira informou que Bortollo não teve condições de comparecer por ter passado mal no dia anterior, após a repercussão do caso.

O caso é investigado como crime de racismo, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública de SP (SSP-SP).

Segundo o advogado, o professor passa por um tratamento contra câncer de próstata, teve um pico de pressão e precisou ir para o hospital durante a última madrugada.

Moreira também declarou que, após o episódio, o professor começou a sofrer ameaças e teve que abandonar a casa em que vive com a família. Um boletim de ocorrência sobre as ameaças também foi registrado no 4º DP de Santo André.

Versão contestada

A versão do professor, entretanto, foi contestada por uma professora negra Hainra Asabi, que trabalha na mesma escola, dando aulas de Sociologia. Apesar de confirmar que se tratava de um dia de festa e de elogiar o trabalho do professor, informando os alunos sobre ícones da cultura negra e espalhando cartazes na escola, ela afirmou que Bortollo não reconheceu o erro publicamente entre os alunos.

Fonte: G1