Não há evidência de perda de eficácia da vacina em relação à Delta

A variante Delta da Covid-19 já foi encontrada em oito estados brasileiros e no Distrito Federal. Os casos foram identificados no Rio de Janeiro, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. À medida que a vacinação avança no país, a tendência é que o impacto no sistema de saúde seja menor, segundo o pesquisador da Fiocruz, infectologista e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Julio Croda.

“Por enquanto, nenhum estudo demonstrou perda de eficácia ou de efetividade das vacinas em relação às novas variantes. O que os estudos têm demonstrado, mais recentemente, principalmente em relação à Gama, variante brasileira, e à Delta, é que são necessárias as duas doses para garantir a proteção completa contra a doença.”

Ele explica que a Delta teve comportamento distindo em países com alta e baixa cobertura vacinal. “O que foi demonstrado principalmente no Reino Unido é que a letalidade associada a esta nova variante diminuiu, justamente por conta da vacinação, da excelente cobertura.”

Croda explica que a “explosão do número de casos” não refletiu no número de casos graves e no aumento das mortes. “A partir do momento que a gente tiver mais pessoas vacinadas, é isso que vai ocorrer. A gente vai achar que o vírus está mais fraco, mas é porque mais pessoas têm imunidade contra esse vírus e, portanto, a doença se torna menos severa.”

Croda reforça a necessidade do esquema vacinal completo para que o indivíduo esteja protegido contra a Delta ou a Gama, a variante predominante no Brasil. “Existem 4 milhões de brasileiros que não retornaram para tomar a segunda dose, a gente faz um apelo para que estas pessoas retornem para garantir essa proteção adequada.”

O infectologista também afirmou que é injustificável que jovens estejam escolhendo qual vacina tomar. “Nesta fase de vacinação em que nós estamos, de adultos jovens, qualquer vacina responde muito bem. Os jovens produzem muito anticorpo, muita resposta celular, então não se justifica escolher vacina para uma população abaixo de 40 anos.”

De acordo com o pesquisador, a grande esperança em relação à Delta é a conclusão da imunização de idosos e pessoas com comorbidades no Brasil, uma vez que se trata de um “público que gera muita pressão no serviço de saúde”.  No entanto, como o Brasil ainda está com a cobertura vacinal de duas doses abaixo de 20%, o perigo é iminente. “Não existe uma resposta clara de como ela [a variante Delta] vai se comportar e se vai trazer algum impacto no nosso sistema de saúde.”

“Já temos 136 casos confirmados [da Delta], a gente não vê em nenhum estado um aumento significativo deste número que indique que esta variante esteja circulando mais intensamente. Vamos continuar observando, vamos entender que se houver este aumento, serão necessárias medidas restritivas, principalmente, para preservar o serviço de saúde e evitar o colapso”, defende.

Fonte: CNN Brasil