Próximo aumento no seu orçamento mais básico, a conta de luz

Primeiro foi o supermercado, depois os combustíveis nos postos de gasolina e, mais recentemente, o botijão de gás. Agora, o consumidor brasileiro já deve se preparar para o próximo aumento no seu orçamento mais básico: a conta de luz.

Isso acontece porque, com o menor volume de chuvas em mais de 90 anos e os reservatórios das principais hidrelétricas nos menores níveis desde o grande apagão de 2001, o governo está sendo obrigado a acionar volumes vultuosos da energia de reserva do sistema brasileiro, fornecida basicamente por termelétricas.

A medida é necessária para que não haja risco de apagão ou racionamento em lugar nenhum nos próximos meses. O problema é que, abastecidas a carvão, gás ou óleo diesel, as térmicas são bem mais caras do que as usinas hidrelétricas, que usam a água dos rios e chuvas de graça –e toda a diferença é cobrada do consumidor, na conta de luz.

Essa fatura extra chega à casa dos brasileiros de duas maneiras: a primeira delas é por meio da política de bandeiras tarifárias, que, nos meses mais secos do ano, aciona a bandeira vermelha sobre a conta e coloca uma tarifa extra mais alta por cada quilowatt-hora (kWh) consumido na casa. A função da tarifa adicional é, justamente, pagar a conta das termelétricas de emergência enquanto precisarem estar ligadas.

O outro canal de aumento é por meio dos reajustes feitos anualmente no preço básico cobrado pelas distribuidoras. Eles são definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) conforme o avanço de custos ao longo do tempo. Se, em um ano, a despesa aumenta demais, a conta acaba vazando para o reajuste do ano seguinte também.

Tanto uma coisa como a outra acontecem todos os anos, acompanhando de perto o regime de chuvas do país, que é naturalmente mais gordo nos meses de verão e mais escasso nos de inverno.

Como neste ano, porém, as chuvas não vieram, mais térmicas estão tendo que ser acionadas, por mais tempo do que o previsto e, ainda, tendo que pagar muito mais caro pelos combustíveis, já que, como a gasolina ou o botijão de gás, eles também subiram para as geradoras. É uma pressão de custos triplamente maior.

Reservatórios vazios

Para se ter uma ideia do tamanho da crise, o nível médio dos reservatórios do sistema Sudeste e Centro-Oeste, o principal do país, está hoje em 33% de sua capacidade, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que monitora o abastecimento energético do país.