Covid-19 cresce em ritmo acelerado, alcança jovens e estrangula o sistema hospitalar

 

Somente no mês de março, a Prefeitura de Jundiaí e o Hospital São Vicente de Paulo (HSV) realizaram nove ampliações em número de leitos exclusivos para o tratamento de casos confirmados ou suspeitos de Covid-19, chegando ao limite estrutural de leitos no hospital centenário. Com o avanço da doença causada pelo Novo Coronavírus nas faixas abaixo de 60 anos, inclusive jovens, a demanda por tempo de uso de leito é maior, indicando o possível estrangulamento do sistema caso o avanço da doença não seja contido entre a população.

“O vírus mudou. Estamos vivenciando uma outra pandemia, mais severa, mais rápida e mais agressiva. Por isso, as medidas também foram adequadas para dar vazão ao atendimento de maior complexidade exigido pelos casos. Jundiaí chega ao limite na estrutura do HSV, tendo 38% mais leitos na estrutura interna ao hospital que durante o primeiro pico, em junho/julho (232 contra 167 no ano período anterior). Somente com o apoio da população, evitando aglomerações e saídas desnecessárias, conseguiremos avançar contra a doença”, resume o prefeito Luiz Fernando Machado.

Mesmo com os 232 leitos exclusivos Covid-19, na estrutura do hospital, a ocupação, foi de 97% em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta segunda-feira (22). Outro dado que destaca a crescente avassaladora da pandemia na cidade é de número de internações em uma semana. Enquanto entre os dias 9 a 14 foram registradas 129 internações – recorde de toda a pandemia até então – entre 15 a 21 foram 190, o que representa aumento de 42% em apenas uma semana.

Hospital São Vicente de Paulo alcança 97% de ocupação na UTI, nesta segunda-feira (22)

Desses internados, atualmente 57% estão abaixo de 60 anos, faixa etária que representava apenas 47% dos casos entre junho e julho. O aumento de 10 pontos percentuais também é refletido nos óbitos, representando quase 30% dos casos de evolução negativa da Covid-19 neste momento, contra menos de 20% no pico do ano passado.

“Jundiaí conseguiu, até o momento, dar atendimento à população contaminada pelo Novo Coronavírus a partir da formação de parceria com o Hospital Regional e com hospital particular, que conseguem ofertar as necessidades técnicas para os casos que estão chegando. Vivenciamos o limite da estrutura. Não há mais espaço para ampliação na estrutura hospitalar, o que comprometerá a qualidade”, alerta o gestor da Unidade de Gestão de promoção da Saúde (UGPS) Tiago Texera, que completa: “Estamos com taxa de isolamento equivalente a antes da pandemia mesmo na Fase Emergencial, ou seja, temos pessoas que poderiam e deveriam estar em casa, e não estão. O vírus só circula de carona com as pessoas”, lembra.

Somente em termos comparativos, o HSV consumia, em janeiro 600 metros cúbicos de oxigênio por dia. Atualmente, a quantidade é de 4 mil metros cúbicos, ou seja, mais de seis vezes o que era utilizado há menos de três meses.

Ações de fiscalização

Jundiaí, desde o início da pandemia, no ano passado, desenvolve ações a partir de avaliações técnicas do cenário epidemiológico e desencadeia ações específicas. A intensificação das fiscalizações contra aglomerações vem sendo realizada ao longo de todo o período. Neste final de semana, por exemplo, 34 ocorrências relativas à pandemia foram registradas e tiveram o acompanhamento da Guarda Municipal e equipes de Fiscalização do Comércio. “As ações acontecem de maneira integrada e objetivam a orientação, fiscalização e, em caso de reincidência, multa para os promotores das atividades em desacordo com a legislação vigente e com a Fase Emergencial vivenciada pela cidade”, ressalta o gestor da Unidade de Gestão de Governo e Finanças (UGGF) José Antonio Parimoschi.