Na manhã desta quarta-feira, 13, o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV) por meio do Instituto de Oncologia – Dr. Marcelo Fanelli, realizou pela segunda vez na história, a técnica denominada ‘dessensibilização’ em mais uma paciente que realiza o tratamento de quimioterapia na instituição. O processo pouco utilizado e conhecido, consiste na administração gradativa de doses crescentes de medicamentos em pacientes reconhecidamente alérgicos ao fármaco, até atingir a dose plena indicada para o tratamento. É um método terapêutico utilizado nos pacientes alérgicos e que consiste em injetar pequenas e progressivas doses da substância que provoca a alergia, a fim de que o corpo reconheça a medicação e desta forma, aceite o tratamento.
Adriana de Paula Kroneis, 51 anos, realizou duas cirurgias de câncer de ovário, sendo esta a segunda vez que necessita dos cuidados da quimioterapia do hospital. A paciente conta que a primeira cirurgia foi em 2018, onde fez o uso da mesma medicação. Em 2021, após o segundo procedimento, apresentou complicações com o uso do medicamento, gerando preocupação aos profissionais que consequentemente se reuniram em uma tomada de decisões para que o tratamento necessário não fosse interrompido.
“Priorizando sempre a efetividade no tratamento de nossos pacientes, após o incidente com Adriana, eu e o médico oncologista que acompanha o caso, Dr. Arthur Maia, buscamos uma forma de auxilia-la neste tratamento de forma que todos os cuidados fossem tomados”, destaca Luciana Augusto, enfermeira e coordenadora assistencial da unidade de quimioterapia. “Por meio de cálculos fármacos, procedimento que garante a administração por via intravenosa dos medicamentos na quantidade correta e pelo período de tempo adequado, pude distribuir a medicação de forma que em pequenas quantidades, Adriana recebesse a dosagem completa sem nenhuma reação alérgica indevida, vencendo a mesma”, comenta ela.
“A medicação prescrita a ser recebida pela paciente era de 676mg, dosagem baseada sempre no peso e altura do paciente, desta forma, dividimos está dosagem em quatro bolsas de soro de 100ml e uma de 500ml, sendo assim, na primeira bolsa, em 100ml de soro, diluímos 0,07mg, uma dosagem muito pequena para início do tratamento, o que equivale a “uma gota” diluída em um “copo de água cheio”. Na segunda bolsa, aumentamos um pouco a dosagem da medicação para 0,68mg novamente em 100ml de soro, desta forma, aumentamos gradativamente a exposição da paciente a dosagem do fármaco, sempre atentos à possíveis reações, com objetivo de ao final da quinta bolsa, a medicação de 676mg tenha sido absorvida positivamente pelo organismo dela”, explica Luciana.
Em sua última sessão de quimioterapia, Adriana conta que apesar das dificuldades acometidas com a reação alérgica da medicação, agradece todo o cuidado da equipe desde o primeiro atendimento prestado. “Todos que me acompanharam até este momento foram pessoas dispostas a salvar a minha vida. São profissionais competentes, humanizados e acolhedores. Sou grata a todos os médicos, cirurgiões que estiveram ao meu lado e principalmente a equipe de oncologia do São Vicente. Tenho um carinho enorme por todos que cuidaram de mim e com muita paciência me ajudaram a chegar onde estou, se preocupando com o meu tratamento e priorizando o meu bem-estar”, finaliza emocionada.