Em um ano de pandemia, Jundiaí registra aumento no número de empresas inscritas na prefeitura

Na contramão da crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus, o número de empresas abertas em Jundiaí (SP) subiu de 38.294 em março do ano passado para 44.355 no mesmo mês deste ano, segundo a prefeitura.

No entanto, a Associação Comercial Empresarial (ACE) da cidade acredita que muitos fechamentos ainda não apareceram nas estatísticas porque os empresários não conseguiram oficializar os encerramentos e simplesmente interromperam as atividades.

Conforme dados da Unidade de Gestão de Governo e Finanças, em março de 2020 havia 487 indústrias (das quais 18 inscritas como Microempreendedor individual – MEI), 9.604 comércios (sendo 1.693 inscritos como MEI) e 28.203 serviços (dos quais 10.837 MEI) no município.

Já em 2021, no mesmo período, houve um aumento de inscrições em todos os segmentos: 519 indústrias (22 MEI), 10.658 comércios (2.075 MEI) e 33.178 serviços (13.651 MEI).

No comércio, entre as 10 atividades com mais registros de inscrição estão o varejista de artigos em geral – TV, internet e meio de comunicação; varejista de artigos de vestuário; restaurantes; lanchonetes; fornecimento de comidas preparadas; varejista de cosméticos; varejista de automóveis, caminhões e utilitários usados; varejista de móveis domésticos; varejista de gêneros alimentícios em geral e varejista de materiais de construção diversos e acessórios.

No segmento de serviços, as atividades com o registro de maior quantidade de inscrições foram redação, edição, revisão, apoio administrativo e infraestrutura administrativa; serviços administrativos e expediente; suporte técnico em informática; consultoria administrativa; instrução, treinamento e avaliação de conhecimento de qualquer natureza; gestão de participação societária – holdings; transporte rodoviário intermunicipal de cargas; representação de qualquer natureza, incluindo comercial; escritório administrativo e advocacia.

Já na indústria, fabricação de artefatos de plásticos aparece em primeiro lugar; seguido por fabricação, produção, padaria, confeitaria e pastelaria; fabricação de embalagens de plástico; fabricação de produtos alimentícios em geral; fabricação de produtos para infusão – chá, mate e etc; fabricação de luminárias e equipamentos de iluminação – exceto veículos; fabricação de peças, acessórios e metal para veículos; fabricação de aparelhos e instrumentos de medida, testes e controle – inclusive equipamentos para controle e processos industriais; fabricação de esquadrias de metal e horticultura.

Prejuízos

Apesar do crescimento nos números, a ACE disse que acredita que março passado foi o pior mês para o comércio em Jundiaí. “Um dos melhores meses de 2020 foi dezembro por conta do Natal, mas há um ano o empresário sofre com a crise provocada pela pandemia da Covid-19 e os prejuízos são incalculáveis”.

Segundo a associação, os pequenos estabelecimentos comerciais, com até 100 funcionários, representam 98% das empresas de Jundiaí e geram 61 mil empregos. Mas, com as medidas de restrições impostas pelo governo, muitas delas não estão conseguindo se manter e estão fechando as portas, aumentando o desemprego na cidade.

De acordo com o presidente da ACE, Mark William Ormenese Monteiro, todos os setores do varejo estão sendo afetados pela crise, mas principalmente os estabelecimentos classificados pelo Plano São Paulo como não essenciais.

“Estamos vivenciando uma situação dramática e nunca imaginada antes. Estamos estimulando os comerciantes a fazerem vendas online, seja por redes sociais ou aplicativos, mas sabemos que não são suficientes para compensar o prejuízo, e nem todos os setores, como relojoaria ou academias, por exemplo, conseguem fazer vendas por WhatsApp. O comércio gera o sustento de muitas famílias”, explica.

A ACE disse que está confiante na imunização das pessoas, mas acredita que a vacinação em massa ainda está em um ritmo muito abaixo do adequado. Para o presidente, o cenário ainda é muito incerto e não dá para fazer previsões futuras para o comércio.

Já a prefeitura informou que mantém um diálogo com os segmentos para tentar reduzir os impactos negativos da pandemia na economia. Entre as medidas adotadas estão a ampliação de prazos para pagamentos de tributos (inclusive o alvará específico da categoria e o ISS), a oferta de cursos sobre empreendedorismo e a interlocução com o Governo Estadual para a desburocratização do acesso a crédito via Banco do Povo.

Shoppings

Os prejuízos causados pela pandemia do coronavírus também atingem os empresários que mantêm lojas dentro de shoppings. Só no Maxi Shopping Jundiaí, 27 lojas fecharam as portas entre março de 2020 e março de 2021.

Os setores mais atingidos no estabelecimento foram lazer, serviços e conveniência (como agências de viagens) por conta das restrições dos decretos governamentais que praticamente paralisaram essas atividades, além de vestuário em geral e alimentação.

“A pandemia chegou, fechou o shopping e muitas lojas não estavam preparadas para realizar vendas online. Por outro lado, muitos consumidores também não efetuavam suas compras através desse canal e, por isso, a adequação se fez necessária, prejudicando as vendas”, explica o shopping.

Em um ano de pandemia, o Maxi Shopping Jundiaí deixou de arrecadar cerca de 40% do seu faturamento. Os primeiros meses de fechamento (abril, maio e junho de 2020) foram os piores, pois todos tiveram que se adequar a uma nova realidade de venda, buscando oferecer alternativas para que o consumidor não deixasse de comprar.

Já o mês de menor prejuízo, segundo a assessoria do shopping, foi dezembro de 2020, pois o estabelecimento pôde funcionar, seguindo todas as regras de higiene e segurança. “Nessa ocasião, os lojistas já estavam adaptados e puderam oferecer ao cliente tanto a venda presencial quanto online e ainda a opção delivery e o Retire Aqui.”

Por outro lado, o estabelecimento conta hoje com 43 lojas inauguradas entre março de 2020 e março de 2021, além de cinco que ainda estão em obras. O shopping espera que este seja um ano melhor para as vendas e mantém a expectativa de crescimento de 5% até o fim do ano, se comparado ao mesmo período do ano passado.

Fonte: G1