A escola Águia de Ouro foi a campeã este ano do grupo especial do Carnaval de São Paulo. Há 44 anos a agremiação espera pelo título, que veio agora pela primeira vez.
Durante a maior parte da apuração a Águia permaneceu em segundo lugar e assumiu a liderança apenas no julgamento do penúltimo quesito. Ela levou para o Sambódromo do Anhembi a evolução do conhecimento humano, num passeio desde a idade da pedra até a geração dos robôs.
—Tenho que agradecer demais a bateria da Águia. Dois dias antes do desfile não tínhamos todas as fantasias. Terminamos a última indo para a avenida — contou o mestre da bateria da escola, Juca.
A Águia somou 259,9 pontos e venceu por uma diferença de apenas um décimo do segundo colocado. O presidente da escola, Jurandir Leonardo, destacou a relevância da conquista.
— Eu tô nessa escola nesses 44 anos. Entrei com 9 anos e passei em todos os setores até chegar na diretoria. Esse é um momento histórico para nós — disse.
Um dos destaques da Águia de Ouro foi um carro alegórico lembrando a bomba atômica de Hiroshima. Integrantes da comunidade japonesa também participaram do desfile.
Em dois dias de desfile pelo Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital, 14 escolas entraram na avenida. Os enredos foram da revolução tecnológica à resistência negra.
No primeiro dia, desfilou a Tom Maior, que homenageou a ex-vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018. A escola levou para a avenida um enredo sobre personalidades negras.
Na noite seguinte, a Rosas de Ouro fechou o carnaval falando de inovações tecnológicas e abusou da interatividade, com imagens nos carros que poderiam ser filmadas por um aplicativo e interagia com o público no celular. Na frente da bateria, um robô também fez as vezes de destaque.
Um ano depois de decepcionar com o oitavo lugar, a Mocidade Alegre deixou a passarela no último dia de desfile como favorita. A Mocidade falou sobre o poder feminino e levantou arquibancada com o samba-enredo e alegorias luxuosas.
A Liga das Escolas de Samba de São Paulo apostou este ano na ousadia das baterias. As escolas só conseguiriam nota 10 se apresentassem alguma performance diferente no sambódromo. Além disso, a paradinha (quando os integrantes da ala param de tocar os instrumentos por algum segundo) e outros efeitos passaram a ser obrigatórios.
Mais um ano a apuração do carnaval de São Paulo não teve a presença de torcida. Desde o episódio em que um representante de uma escola rasgou fichas dos jurados em 2012 durante a apuração, a divulgação das notas passou a ter a presença apenas para a diretoria das agremiações.