No Maio Laranja, mobilização contra abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, a Prefeitura de Várzea Paulista realizou, nesta sexta-feira (17), no Hotel Orquídea, uma formação para agentes envolvidos no combate diário a esses crimes. O objetivo foi preparar cada vez mais os participantes a exercerem o trabalho e estimular que o máximo possível de pessoas não se omita e faça parte dessa luta.
O encontro também lembrou 18 de maio, importante data nacional de combate a essas barbaridades que lembra a morte da menina Araceli, criança de apenas 8 anos estuprada e assassinada impunemente. O destaque foi a palestra da educadora social Rosimeire Modesto, bastante experiente em órgãos de garantia de direitos de crianças e adolescentes e especialista em ministrar cursos e formações.
O público presente faz parte de uma série de setores da Rede de Proteção aos Direitos de Crianças e Adolescentes da cidade. Receberam a formação servidores públicos municipais das pastas municipais de Desenvolvimento Social e Saúde; professores e diretores de escolas municipais; membros do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), Conselho Tutelar, CMAS (Conselho Municipal de Assistência Social) e Compir (Conselho Municipal da Promoção de Igualdade Racial); além de gestores de colégios particulares.
Aprendizado
Rosimeire, que conduziu quatro encontros de capacitação com atores da rede de proteção varzina nas últimas semanas, informou que, a cada 24 horas, 320 crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil, mas, infelizmente, apenas 7 em cada 100 casos são denunciados. 75% das vítimas são meninas e a maioria dessas violentadas são negras. A especialista lembrou que, muitas vezes, a denúncia não chega a ocorrer por parte da mãe, por exemplo, em virtude do receio de sofrer represália vinda do agressor.
É muito importante que todos se sintam parte da luta contra esses crimes. Os profissionais que atuam com crianças e adolescentes precisam estar bem preparados para detectar os sinais de violência, como a mudança repentina de comportamento, isolamento ou hiperssexualização, por exemplo, como atesta a própria Lei da Escuta Protegida, norma federal de 2017.
A educadora também citou a força das formações e outros fóruns capazes de ampliar o conhecimento. Nem sempre a criança ou adolescente tem vínculo com o professor, por exemplo, mas possui com algum outro profissional, que pode ouvir essa pessoa e perceber sinais de violência. “Momentos formativos como o de hoje promovem a inclusão dos profissionais e fortalecem a Lei da Escuta. Seria muito importante que tudo o que a gente ouve sobre violação dos direitos, sobretudo a questão sexual, fosse levado por nós a todos os profissionais envolvidos, desde a senhora que faz as refeições escolares até a diretora”, explicou.
Materiais informativos
A Prefeitura produziu materiais impressos de conscientização, citados no evento, que começaram a ser distribuídos nesta sexta-feira: uma cartilha infantil para ser trabalhada nas escolas municipais pelos professores, auxiliando as crianças a entenderem o que é a violência e como identificá-la e comunica-la; e um material para adolescentes, destinado às escolas estaduais, para alertar os jovens e informar os canais de denúncia.
Uma luta de todos
A presidente do CMDCA, Eli Sandra Santana Santos, lembrou a missão de cada um dos presentes: enfrentar, todos os dias, a violência sexual contra crianças e adolescentes. “Todos os dias o nosso olhar precisa estar afinado para conseguir compreender os sinais que as crianças e adolescentes nos dão”, afirmou.
Segundo ela, saber acolher e atender os adolescentes pode trazer consequências muito positivas e, inclusive, evitar problemas futuros graves.
O gestor municipal de Desenvolvimento Social, Leandro Marques, ressaltou o trabalho preventivo e de acolhimento muito positivo pelos profissionais da pasta, atuantes nos serviços do SUAS (Serviço Único de Assistência Social). É muito importante que todos se envolvam. “Várzea Paulista está imbuída do propósito de dizer “Não!” ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes”, declarou.
Ana Flavia Capellano, supervisora de Ensino na Secretaria Estadual de Ensino de São Paulo da região de Jundiaí, mostrou-se grata pelo convite feito a profissionais de escolas estaduais, algo que faz muita diferença às unidades escolares e aos próprios munícipes. A escuta adequada, no ambiente escolar, é essencial e pode, sim, identificar crimes contra os alunos. “A gente tem muito a agradecer a todos os envolvidos”.
O gestor executivo de Educação, Geraldo Spoli, incentivou os presentes a manterem a luta contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes bastante viva e constante na cidade. A gestora executiva de Saúde Jane Freitas destacou a busca constante por qualificação dos profissionais de saúde para atender bem as vítimas desses tipos de violência.
Denuncie!
Para denunciar esses crimes, ligue para o número 100, acesse o site ouvidoria.mdh.gov.br, ou entre em contato pelo Telegram: Direitoshumanosbrasilbot.
A Prefeitura disponibiliza uma rede de proteção às crianças e adolescentes; veja os meios de contato e outras informações sobre esses equipamentos e do próprio Conselho Tutelar, órgão autônomo de defesa dos direitos de crianças e adolescentes: http://tiny.cc/n967vz (clique nos ícones dos Serviços, na parte inferior da página).
Outras presenças
A gestora executiva de Desenvolvimento Social, Mônica Pazotto, e o presidente da Câmara Municipal, Dr. Eliseu Notário, também prestigiaram o evento.