“Não vai ter mais cercadinho”, diz Lula a jornalistas

Na primeira fala direcionada aos jornalistas que cobriram a posse presidencial, neste domingo (1º), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu dar fim ao que ficou marcado como um símbolo da cobertura da imprensa durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): o “cercadinho”.

“Não vai ter mais cercadinho”, prometeu Lula aos repórteres que acompanharam a chegada ao Palácio do Itamaraty do recém-empossado presidente para o coquetel de recepção aos chefes de Estado e de governo estrangeiros – evento que encerrou a cerimônia oficial da posse de seu terceiro mandato.

Lula não respondeu a perguntas, nem parou para conceder entrevista à imprensa que estava no Itamaraty – sede do Ministério das Relações Exteriores.

No entanto, o presidente parou e se voltou para os jornalistas para dizer que não haveria mais o “cercadinho” – ao que sinalizou o gesto negativo com o dedo indicador esquerdo – ao final da escada que liga o salão do térreo do Palácio, por onde ele, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e as demais autoridades brasileiras e estrangeiras chegaram, ao segundo andar, onde ocorre a recepção.

A fala tem um tom simbólico, já que a cobertura jornalística da rotina da presidência do antecessor, Bolsonaro, ficou marcada pela existência de um local reservado apenas a apoiadores do agora ex-presidente – próximo à entrada do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República -, e pela limitação da imprensa a uma área cercada, mais afastada da portaria.

No início do governo, Bolsonaro aproveitou por muitos dias o chamado “cercadinho” de apoiadores para fazer ataques à imprensa – inflamado pelas palmas e gritos de apoio daquele público -, enquanto se esquivava de responder às perguntas dos jornalistas dos veículos de mídias tradicionais, credenciados pela Secretaria de Comunicação Social.

Apesar de jornalistas não serem autorizados nesse outro local, as falas do ex-presidente eram, muitas vezes, transmitidas ou reproduzidas por canais de apoio a Bolsonaro no YouTube e no Facebook.

Fonte: CNN Brasil