Quedas, queimaduras, afogamentos, intoxicações e sufocamento estão entre os acidentes domésticos mais registrados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Jundiaí. Com os pais no trabalho e as crianças em férias escolares, as ocorrências que já são recorrentes, passam a ser mais preocupantes. A falta de monitoramento por parte dos adultos pode resultar em danos graves para a saúde da criança ou até no óbito da vítima. O coordenador médico do SAMU, Dr. Mário Jorge Kodama, alerta para os riscos e estimula ações e diálogos para prevenção desse tipo de acidente.
Dentre as ocorrências, o especialista conta que o afogamento é a causa mais significativa de mortes e sequelas neurológicas em crianças menores de quatro anos de idade. “Dados apontam que, para cada criança que morre devido a submersão, outras seis são hospitalizadas e aproximadamente 20% terão sequelas neurológicas graves. É importante falarmos ainda sobre as queimaduras, já que cerca de 80% das mortes por esse acidente ocorrem em ambientes domésticos. Chamo a atenção também para as lesões penetrantes, quando um objeto rasga a pele. São ferimentos frequentemente fatais e, lamentavelmente, sua incidência vem aumentando”.
Quando o assunto são os traumas, o número e as consequências são ainda mais assustadores. “Aproximadamente 80% dos traumas são contusos, representados por acidentes automobilísticos, bicicletas e quedas. Nos primeiros, as lesões mais comuns são o traumatismo cranioencefálico e as lesões da coluna cervical, mas devemos lembrar que o traumatismo da cabeça é a causa mais comum de óbito da criança após um acidente. As quedas de altura também causam lesões cranianas, fraturas de ossos longos – como o fêmur – e lesões do tronco, e sua gravidade está diretamente relacionada à magnitude do deslocamento cervical”, explica Kodama.
Estudos médicos comprovam que, comparados aos adultos, as crianças apresentam maior frequência de lesões multissistêmicas, decorrentes da maior absorção de energia por unidade de área devido menor massa corporal. Outro fator que exige atenção em acidentes com crianças é a perda de calor, podendo a vítima desenvolver hipotermia rapidamente, em função da exposição do acidentado às temperaturas ambientais e à infusão de líquidos na veia.
Num Piscar de Olhos
Agitados, os pequenos não param por um minuto, buscando sempre novas brincadeiras e aventuras. Os desafios lúdicos fazem parte da infância e, nessa idade, é difícil reconhecer os riscos. Por isso, apesar de ser um comportamento natural, não deve ser ignorado pelos pais. Monitorar as crianças durante suas atividades é fundamental para prevenção de acidentes em geral.
Dr. Mário conta que durante o atendimento da ocorrência, as emoções dos adultos interferem diretamente na atitude da criança acidentada. Delicada, a situação exige um cuidado diferenciado durante a abordagem da equipe do serviço de saúde.
“Nas crianças mais jovens ainda é comum a instabilidade emocional, que leva frequentemente a um comportamento agressivo na presença de estresse, dor ou percepção de ambiente hostil. Durante o atendimento, a criança ferida pode ter dificuldades em lidar com os responsáveis, que estão ansiosos e preocupados. Assim, sempre que possível, os pais devem manter contato físico e verbal com o paciente até o socorro chegar. Quando estamos em atendimento também pedimos que eles nos auxiliem no atendimento segurando algum equipamento e explicando tudo o que está sendo feito, de modo a trazer conforto para toda a família”.
Medidas de Segurança
• Acesso Restrito – Cômodos como cozinha e lavanderia devem ser restritos para crianças e contar com armários fechados, produtos de limpeza tampados e armazenados no alto, para que a criança não alcance e faça ingestão do líquido. Ainda que seja em ambientes diferentes, o armazenamento de medicamentos também deve seguir as mesmas medidas.
• Água é Sinônimo de Perigo – O adulto sempre deve estar com a criança dentro da piscina e não observando de fora. A distância segura é a distância de um braço nessas situações. É essencial que a criança esteja utilizando um dispositivo de segurança adequado para sua idade e recomendado pelos órgãos de fiscalização. As boias devem estar condizentes com o peso da criança. Isso vale para banhos de mar. É importante ressaltar também que celulares e bebidas alcoólicas são distrações e se não houver na residência nenhum adulto habituado a cuidar de crianças, o ambiente da piscina deve estar fechado com cobertura ou tela de proteção.
• Quedas – Durante as férias, ou até mesmo nas escolas, as crianças brincam em trepa-trepas, escorregadores e andam de bicicleta. Todas essas atividades aumentam o risco de queda. Nos centros educacionais, é indispensável a supervisão de um adulto durante os intervalos ou momentos voltados para brincadeira. Garanta também que a criança, ao andar de bicicleta, patins ou skate, sempre utilize roupas adequadas e proteção apropriada, como capacete, joelheiras e cotoveleiras.
• Queimaduras – Isqueiros e fósforos não são brinquedos e devem estar longe de crianças. No fogão, as panelas devem ficar com o cabo virado para dentro, evitando que a vítima puxe a panela com alimento ou óleo quente para si. As churrasqueiras devem ser acesas por pessoas com experiência e que jamais utilizem álcool líquido 70% para acendê-la. Atualmente existem dispositivos e acendedores de churrasqueira que são seguros e reduzem o risco de explosões e queimaduras em pessoas.