O presidente Jair Bolsonaro assinará a filiação ao Partido Liberal (PL) nesta terça-feira (30), interrompendo uma sequência de dois anos desde que o atual mandatário ficou sem agremiação ao sair do PSL, em novembro de 2019.
Considerado uma das legendas do centrão — grupo de parlamentares no Congresso sem uma corrente ideológica definida —, o PL será o nono partido de Bolsonaro desde que o atual presidente entrou para a política, no fim da década de 1980.
Bolsonaro, assim, irá para um partido que, desde suas origens, mudou de posicionamento sobre os presidentes e presidenciáveis que o Brasil teve a partir da redemocratização:
- Lançou candidato próprio em 1989, o empresário Guilherme Afif Domingos;
- Apoiou Ciro Gomes, à época no PPS, em 1998;
- Teve José Alencar como candidato a vice-presidente na chapa de Lula (PT) em 2002, que acabou eleita;
- Aliou-se a Dilma Rousseff nas candidaturas de 2010 e 2014, em ambas com vitória petista;
- Participou da coligação de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2018.
Além disso, é um partido que se reformulou depois da união em 2006 com o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona) — aquela sigla liderada por Enéas Carneiro que colocava a 5ª Sinfonia de Beethoven no horário eleitoral enquanto os candidatos faziam discursos ultranacionalistas como a defesa à construção de uma bomba atômica brasileira.
O PL também foi um dos partidos envolvidos em 2005 no escândalo do Mensalão: o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, foi condenado a 7 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O político cumpriu prisão domiciliar em 2014 e recebeu o perdão da pena em 2016.
Hoje, o PL é um dos partidos mais fiéis ao governo de Jair Bolsonaro no Congresso e tem a Secretaria de Governo, ocupada pela ministra Flávia Arruda (PL-DF). Ainda assim, há dissidências: o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), tem um posicionamento mais crítico sobre o chefe do Executivo.