Vítima de acidente de trânsito no ano passado, Gisele Vidal Camargo é uma das 750 pessoas que fazem tratamento no Centro de Reabilitação Jundiaí (CRJ), serviço conveniado à Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS). Hoje, ela é atendida na instituição duas vezes por semana e compõe um grupo de pacientes que tenta recuperar algum movimento perdido. Em seu caso, o do pulso esquerdo.
Como explica o coordenador técnico de reabilitação do CRJ, Alexandre Bittencourt, a cada mês dão entrada, em média, até 50 pacientes novos que sofreram fraturas por causa da violência no trânsito. “Os casos mais comuns que recebemos, quando se trata de trânsito, são fraturas em membros inferiores e superiores”, observa.
“Com a pandemia, passamos a atender menos pacientes acidentados, mas o perfil mudou”, observa ele. “As pessoas passaram a circular menos, mas também aumentaram os casos de acidentados com moto, pessoas que trabalham como motoboy e entregam comida.” Localizado na rua Barão de Teffé, o CRJ recebe os pacientes acidentados por meio de encaminhamento dos hospitais públicos de Jundiaí.
“Com a fisioterapia é possível atingir ótimos resultados na reabilitação dos pacientes”, explica o coordenador. Em média, os assistidos fazem duas sessões por semana, mas há casos de mais atendimentos. “Depende muito também da possibilidade de deslocamento do paciente até aqui. Quem tem carro consegue vir mais vezes; quem depende de transporte, acaba vindo menos.”
Capotamento
Gisele tem 40 anos e dirige desde 2013, quando tirou sua habilitação. Em um domingo de novembro, no ano passado, ela voltava de um atendimento médico, no Centro de Jundiaí, quando um veículo Corsa passou no semáforo vermelho, na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, e colidiu com seu carro, um Corola, que transitava pela rua Siqueira de Moraes. “Foi tão forte que fez meu carro capotar”, relembra ela, meses após o acidente, ainda sem conseguir movimentar o pulso esquerdo.
“O carro ficou de ponta cabeça, e eu fiquei ali esperando por ajuda. Só depois tive a notícia de que o rapaz responsável pelo acidente chegou a fugir do local e foi detido pela polícia”, rememora ela, que precisou se ausentar do emprego, onde trabalhava como operadora de caixa, por causa da sequela. “Eu tive uma leve fratura exposta, fui levada ao hospital e no dia 4 de dezembro fiz cirurgia.”
Apesar do susto, ela diz que o acidente não deixou traumas. Quer voltar a dirigir. O carro em que estava teve perda total. Moradora da Ponte São João, Gisele afirma presenciar muita imprudência no trânsito. “É comum eu ver carros passando no sinal vermelho, não respeitando a faixa de pedestre.”
A notada ausência de conscientização dos motoristas tem levado a Prefeitura de Jundiaí, por meio da Unidade de Gestão de Mobilidade e Transportes, a reforçar os investimentos em educação no trânsito, sinalização e fiscalização. Uma das ações foi a adesão do município ao Programa Laço Amarelo, voltado a reduzir acidentes de trânsito investindo na conscientização dos motoristas.
A proposta do programa é implantar ações como campanhas educativas, levantamento de dados e diagnósticos da mobilidade municipal. “Estamos preparando uma campanha de conscientização em vias de grande movimento, sempre com o intuito de chamar a atenção para a mais que necessária paz no trânsito”, afirma o gestor de Mobilidade e Transporte, Aloysio Queiroz. “Diminuir as mortes no trânsito é urgente.”
O Programa Laço Amarelo é desenvolvido pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, organização social nascida há dez anos e idealizadora da campanha Maio Amarelo. Está em 25 cidades brasileiras e tem obtido resultados positivos na diminuição dos acidentes nesses municípios de atuação. Seus projetos estão alinhados à Agenda Regulatória do Denatran e às Metas Globais de Desempenho na Segurança do Trânsito 2020-2030.