Duas irmãs donas de uma pequena doceria e de um ateliê em São Paulo giraram um total de R$ 693 mil em 145 transações bancárias no esquema conhecido como “golpe do motoboy”, segundo a investigação.
Toda a quadrilha, que foi presa pela Polícia Civil de Sorocaba (SP), movimentou mais de R$ 10 milhões roubados de idosos no interior de São Paulo em poucos meses. Na casa de um dos 10 suspeitos detidos a polícia chegou a encontrar R$ 400 mil.
Durante a investigação, a polícia descobriu que comerciantes emprestavam maquininhas de cartão para o crime. O dinheiro do golpe ia para conta das empresas, que repassavam dinheiro para os integrantes e ficavam com 5% do valor.
A ação desarticulou uma organização criminosa conhecida como “gangue do motoboy”, que é investigada pela prática de estelionato e lavagem de dinheiro.
No total, foram expedidos 12 mandados de prisão temporária e 20 mandados de busca e apreensão em Barueri, Bragança Paulista, Santana do Parnaíba, Praia Grande e São Paulo (SP).
Segundo a polícia, 10 pessoas foram presas e duas permanecem foragidas, sendo uma delas o motoboy. Também foram apreendidos cheques, máquinas de cartão, notebooks e celulares.
O trabalho de investigação, que durou cerca de seis meses, começou após o registro de casos do golpe no qual o criminoso diz para a vítima que o cartão dela foi clonado. Em seguida, vai até a casa da pessoa afirmando que precisa retirar o cartão para que seja bloqueado. No entanto, com o cartão em mãos, o criminoso realiza vários saques e compras.
Durante a investigação, a Deic conseguiu identificar os suspeitos envolvidos no crime. Estima-se que eles tenham feito, pelo menos, 11 vítimas de Sorocaba e cidades da região.
As vítimas
Em uma das imagens de câmeras de segurança, o motoboy apareceu estacionando e pegando rapidamente o cartão da vítima.
“O senhor tem envelope em casa? Tenho. O senhor, por favor, coloca o cartão, sela esse envelope e entrega que ele nem vai saber o que ele tá pegando”, recorda a vítima.
Em uma ligação entre um idoso com a suposta central do banco, o morador não atendeu a ligação do banco enquanto falava com o grupo.
Vítima: Eles estão falando de onde foi comprado, passado o cartão. olha, tão ligando
Criminoso: Eu acho melhor a senhora não atender porque podem ser os bandidos, tá? Não atende.
Vítima : tá.
Para ganhar a confiança, os criminosos pediram para que o idoso mesmo ligue no telefone que aparece no verso do cartão de crédito.
“Eles tinham um sistema, uma tecnologia de redirecionamento da ligação. Toda vez que ele fosse ligar para o 0800, na verdade, era redirecionado pra última ligação que ele recebeu. Seria a ligação do fraudador. E ele conseguia utilizar desse sistema só com telefone fixo”, explica o delegado Rodrigo Ayres.
Tudo isso era feito de uma espécie de central do crime: uma sala de telemarketing criada só para aplicar golpes, segundo a investigação.
“Existem ondas desse crime. A organização destinava o motoboy para determinado município. Esse motoboy ficava em local estratégico, aguardando que a central de telemarketing ligasse a ele e informasse que determinada vítima caiu no golpe”, detalha o delegado Felipe Orosco.
A organização criminosa agia de forma rápida e certeira e encomendava uma lista de possíveis alvos. A polícia informou à Autoridade Nacional de Proteção de Dados para apurar esse tipo de venda feita por esta empresa.
Fonte: G1