A Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, anunciou nesta segunda-feira (26) que um estudo confirmou a existência de moléculas de água na superfície lunar. O anúncio é a confirmação de indícios já levantados por pesquisadores desde a década passada.
Os cientistas disseram que a água encontrada no satélite está espalhada, com moléculas presas em grãos minerais. A pesquisadora da Nasa, Casey Honniball, principal autora do estudo que confirmou a existência de água na Lua, destaca que a detecção feita em sua pesquisa não é de água em forma de gelo. “São apenas as moléculas de água – porque estão tão espalhadas que não interagem umas com as outras para formar gelo ou estar na forma líquida” – Casey Honniball, pesquisadora da Nasa
Os pesquisadores usaram dados do observatório Sofia, uma aeronave Boeing 747SP modificada para carregar um telescópio, que mostra uma visão mais ampla do sistema solar e do universo.
Suspeitas confirmadas
O astrônomo Cássio Barbosa explica que o anúncio “é uma confirmação direta da existência de água na lua“, sobre a qual já existiam suspeitas. “Os métodos anteriores davam margem a dúvidas, ainda que pequenas. Esse resultado é muito mais robusto” – Cássio Barbosa, astrônomo
De acordo com Cássio, a descoberta é estratégica: ela pode ser útil para a colonização da Lua. “A água pode ser usada para abastecer as estações espaciais, mas também pode ser decomposta em hidrogênio e oxigênio. O hidrogênio, quando queima, libera muita energia e pode servir de combustível. Já o oxigênio servirá para manter a atmosfera dessa base lunar”, disse Cássio.
Programa Artemis
A água encontrada na Lua foi vista como um recurso potencial pela Nasa, que criou um programa chamado Artemis em 2019 para enviar astronautas americanos de volta à Lua nos próximos anos. Lançar água no espaço custa milhares de dólares por galão. Futuros exploradores poderão usar a água lunar não apenas para matar a sede, mas também para reabastecer seus foguetes.
Busca por água na Lua
Sem uma atmosfera capaz de proteger o solo dos raios do Sol, os cientistas supunham que a superfície da Lua estava seca até a década de 1990. Nesta década, contudo, uma espaçonave em órbita encontrou indícios de gelo em crateras grandes e inacessíveis perto dos polos lunares.
A primeira pista mais forte de água na Lua apareceu em 2009, quando imagens da espaçonave Chandrayaan-1, da Índia, registraram assinaturas consistentes de reflexos de água na luz na superfície da Lua.
Mesmo assim, as limitações técnicas tornaram impossível saber se realmente era água ou moléculas de hidroxila (que são formadas por um átomo de oxigênio e um átomo de hidrogênio) em minerais.
Em 2017, cientistas da Universidade de Brown (Estados Unidos) publicaram um estudo na revista Nature na qual afirmavam que, usando espectômetros, conseguiram ver indícios do líquido preso no interior de rochas através da análise do comportamento da luz.
Fonte: G1