Neste sábado (9), completa-se um ano da queda do voo 2283 da Voepass Linhas Aéreas em Vinhedo (SP), acidente que deixou 62 mortos — entre passageiros e tripulantes — e marcou a maior tragédia da aviação brasileira desde 2007.
A aeronave, um ATR‑72, caiu durante a aproximação para pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos. O relatório preliminar apontou que o avião perdeu sustentação e entrou em um “parafuso chato”, movimento em espiral descendente, sem que uma emergência tivesse sido declarada. Também foram relatadas falhas no sistema de degelo, além de tentativas sem sucesso de ativação dos dispositivos por parte da tripulação.
As condições climáticas adversas e a presença de gelo na estrutura da aeronave estão entre os fatores investigados como possíveis causas da perda de controle.
O acidente gerou comoção nacional e repercussão internacional. Em resposta, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) determinou uma série de exigências à companhia aérea, incluindo redução de rotas, reavaliação de protocolos de segurança e reforço na manutenção das aeronaves.
Apesar das determinações, a empresa não cumpriu as exigências. Em março de 2025, sete meses após o acidente, a ANAC suspendeu as operações da Voepass. Posteriormente, investigações apontaram que a companhia realizou mais de 2.600 voos utilizando aeronaves sem manutenção adequada. A descoberta levou à cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo da empresa em junho.
Em meio à crise, a Voepass entrou com pedido de recuperação judicial em abril deste ano, alegando dívidas superiores a R$ 200 milhões e perdas financeiras acentuadas após o rompimento de contratos e o impacto direto da tragédia em sua imagem.
Um ano depois, a tragédia em Vinhedo ainda provoca reflexões sobre a segurança na aviação regional, a fiscalização de empresas menores e a resposta das autoridades diante de falhas sistêmicas. Familiares das vítimas continuam aguardando os desdobramentos finais das investigações e medidas que evitem novas tragédias.