Espanhol, crioulo, francês, persa, japonês, árabe. Estes são alguns dos idiomas ouvidos pelos corredores das unidades escolares de Jundiaí. Idiomas que se conectam ao português unindo nações e culturas. Atualmente em Jundiaí, das 104 unidades, entre creches e ensino fundamental, 28 estão com estudantes estrangeiros matriculados totalizando 63 crianças das mais diferentes nacionalidades, mas, em sua maioria da América do Sul, como Venezuela, Colômbia, Chile, além de outros como Haiti, Egito, Cuba, Afeganistão, Japão e Guiana Francesa.
Na bagagem destas crianças, além de histórias, algumas inclusive de fome e guerra, há a barreira do idioma e, por isso, o acolhimento já faz parte das normas de adaptação inseridas no Caderno de Orientações dos Departamentos de Educação Infantil e Ensino Fundamental, documento voltado a professores e coordenadores das unidades de ensino, da Escola Inovadora, da Unidade de Gestão de Educação (UGE) da Prefeitura de Jundiaí.
Entre os itens propostos estão a composição de cartazes com imagens e expressões comuns ao dia-a-dia escolar. Nestes cartazes pode haver a inclusão de saudações, locais e profissões pertencentes ao dia a dia do estudante: todos com traduções.
Acolher para ensinar
Entre as ações inseridas no Caderno de Orientações está a variação de propostas-atividades para as diferentes áreas do conhecimento. Os educadores precisam ser pacientes, ter falas suaves e pausadas, atentando a gestos e linguagens corporais, objetividade criando situações de comparação e aproximação das diferentes realidades e dos conhecimentos dos estudantes. Assim tem feito a Emeb José Romeiro Pereira, na Vila Progresso, quando recebe as crianças oriundas de outros países.
Respeito à cultura, religião e memórias faz toda a diferença durante o processo de alfabetização desta criança. A diretora da unidade, Adriana Arcos Batista, comenta que o corpo docente tem se adaptado aos diferentes idiomas e situações. Quando há dificuldades de comunicação direta, recorrem a tradutores de áudio em aplicativos digitais.
Com pouco mais de um mês no ambiente escolar, Motasimbelaa Abdalla Mohamed Abdelfatah, ou carinhosamente chamado como Mota, ainda precisa do auxílio do tablet para traduzir suas falas. Se adaptando à língua e à rotina escolar, o equipamento tem sido, neste momento, seu aliado em sala de aula. “Quando ele precisa se comunicar recorre ao tablet para que a tradução ao seu idioma seja feita imediatamente. Assim temos também para que ele nos compreenda”, diz a professora Ana Clara Marin Verrone.