Com uma pesquisa rápida no site de buscas na internet, é possível verificar que sinônimo de família é descrito, de maneira técnica, como um conjunto ou um grupo de pessoas, que compartilham da mesma casa e do mesmo sangue. Mas, ao longo da vida, após criar laços, carinho, confiança e receber acolhimento em relações externas, o entendimento da palavra se torna muito mais abrangente, ultrapassando qualquer fator genético. Internado no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Jorge Epas Fadhel, de 66 anos, encontrou um lar após reencontrar uma amizade antiga e muito significativa.
Em vulnerabilidade social e morador de área livre há 6 meses, o paciente estava sem documentos e contatos que pudessem identifica-lo quando deu entrada na instituição de saúde após apresentar mal-estar. Para acompanhar o caso e iniciar o processo de identificação, a equipe do Serviço Social foi acionada. Incansável, a assistente social, Eloize Cristiane Araújo, foi quem conduziu e encontrou Rodrigo da Rosa, de 39 anos, considerado amigo, filho e lar do sr. Jorge.
“Foram longos dias de buscas, de empenho e de muita insistência. Após o paciente fornecer algumas poucas informações, conforme se lembrava, descobrimos que o sr. Jorge era da cidade de Umuarama, no Paraná, e que trabalhava em uma distribuidora de hortifruti. Com isso, me lembrei e entrei em contato com o Centro Estadual de Abastecimento, o CEASA, do município e da cidade vizinha, Cascavel. A pessoa que me atendeu foi muito gentil, mas não conhecia o paciente. Mesmo assim, passei meu contato após ela se disponilizar para me colocar em um grupo de fornecedores em um aplicativo de mensagens, para que pudessem identifica-lo”, conta Eloize.
Foi então que um dos membros da comunidade se lembrou de Rodrigo, chefe de Jorge durante seu período como colaborador dentro da distribuidora. Imediatamente, Eloize ligou para o número informado e aliviada confirmou o elo entre os dois. “O empresário ficou muito emocionado, disse que já estava procurando por ele e se colocou à disposição para o que fosse necessário. Fizemos uma chamada de vídeo onde ambos se emocionaram, choraram e celebraram esse reencontro, mesmo que virtual. Meu sonho sempre foi atuar no HSV como assistente social, ajudar as pessoas. Esse foi e sempre será o meu maior presente, minha maior motivação”, relata a assistente social.
Por meio do contato com a instituição, Rodrigo se propôs a comprar a passagem de ônibus para que Jorge retorne ao Paraná, além de recebê-lo em sua casa quando o paciente receber alta. “O Sr. Jorge é muito querido por mim, pela minha família e por toda cidade. Sempre foi muito trabalhador, me ajudava com os cuidados da casa e nunca tive nenhum problema com ele. Eu era solteiro na época, morava sozinho e ele foi uma companhia, principalmente pela confiança que tínhamos. É uma pessoa responsável, prestativa, companheira e será muito bem-vinda de volta. Graças a Deus encontramos ele por meio do hospital e já está tudo certo para recebermos ele aqui. Hoje sou casado e agradecemos por ter condições de ajudar o próximo, atuar com trabalhos sociais e poder oferecer uma vida melhor para pessoas como ele”, completa o empresário.
“Minha Família”
Natural de Jundiaí, Jorge se aventurou em busca de novas oportunidades em outro estado. Sem moradia e emprego, o idoso ficou hospedado em um centro de acolhimento de pessoas em Umuarama. Lá conheceu Rodrigo, com quem encontrou abrigo e um laço para toda a vida. “Conheci ele em um grupo que recebia o pessoal de outras cidades, quem vinha de fora. Ele já trabalhava com hortifruti e me ofereceu um emprego, acreditou e confiou em mim, pois além de trabalhar, eu também morava na casa dele. Eu não tinha para onde ir após sair do albergue e ele fez isso por mim. Sempre me tratou como um pai, com atenção e com respeito. Ele é minha família e ver ele de novo, saber que continua ao meu lado e que serei recebido novamente é algo que me alegra, me dá esperanças”, finaliza Jorge emocionado.