A baixa taxa de vacinação no Brasil junto com outros países das Américas representa um perigo para todo o continente para a volta da poliomielite. Segundo informes divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), não existe registro de um único caso da doença há exatos 30 anos, mas com as baixas taxas de imunização, esse cenário pode mudar.
Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a cobertura vacinal com as três doses iniciais da vacina está muito baixa: 67% em 2021. A cobertura das doses de reforço (a de gotinha) é ainda menor, e apenas 52% das crianças foram imunizadas. Nas regiões Nordeste e Norte, a situação é ainda pior, com percentuais de 42% e 44%, respectivamente, para a imunização completa com as cinco doses.
A infectologista do Hospital Universitário, Márcia Borges Machado, entende que vários fatores contribuíram para essa situação. “A pandemia de covid-19, a sensação de que essa doença não preocupa mais e o descrédito em relação a tudo são alguns dos fatores que ajudam a explicar a atual situação”.
A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda causada pelo poliovírus selvagem responsável por diversas epidemias no Brasil e no mundo. Ela pode provocar desde sintomas como os de um resfriado comum a problemas graves no sistema nervoso, como paralisia irreversível, principalmente em crianças com menos de cinco anos de idade.
“É importante que a população volte a dar a devida importância de manter o cartão de vacina atualizada. As doenças existem, só ficam controladas com as vacinas. O programa de imunização nacional é um modelo em muitos outros países, é muito seguro! As vacinas são tão boas que essa doença desapareceu do país. Atualmente, as pessoas só veem casos de pólio nos livros”.
No país, duas vacinas diferentes são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a imunização da pólio: a inativada e a atenuada. A vacina inativada deve ser aplicada nos bebês aos 2, 4 e 6 meses de idade. Já o reforço da proteção contra a doença é feito com a vacina atenuada, aquela administrada em gotas por via oral entre os 15 e 18 meses e depois, mais uma vez, entre os 4 e 5 anos de idade.