Prefeito de SP atribui aumento da violência na Cracolândia por falta de drogas

Especialistas em segurança pública criticaram as estratégias da Prefeitura de São Paulo para a região da Cracolândia, no Centro da capital. Nesta semana, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) atribuiu o aumento da violência na região a uma suposta escassez de drogas após ações da gestão municipal e da polícia. Nunes disse que “infelizmente, a gente vai ter que estar passando por essa fase”.

A estratégia adotada pela administração municipal tem sido a de evitar que os usuários de drogas se concentrem em determinados pontos, o que provocou o espalhamento deles.

Segundo Bruno Langeani, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, a tática já foi testada anteriormente, sem sucesso.

“A aposta na questão de desconforto, de inúmeras abordagens e deslocamentos forçado de usuários, já foi tentado anteriormente e não funcionou. Essa afirmação da prefeitura, de que está havendo um aumento da procura no tratamento, não se comprova nos números de usuários internados, tampouco em uma melhor percepção da região”, declarou Langeani.

A psicóloga Maria Angélica Comis, que coordena uma ONG que trabalha para diminuir os danos sociais e a saúde provocados pelo uso de drogas, defende que o foco das autoridades na Cracolândia não pode continuar sendo a segurança pública.

“A Cracolândia tem sido tratada como uma questão de segurança pública há décadas, e ela não tem funcionado como uma guerra às drogas. Essa dispersão dificultou o acompanhamento das pessoas. A Cracolândia é uma questão de políticas públicas, de cuidado, moradia de assistência social e redução de danos. E isso só vai funcionar se realmente tiver investimento e vontade”, disse Comis.

Desde março, a prefeitura tem investido na força policial para tentar evitar que dependentes químicos voltem a ficar concentrados.

Nesta quinta, a prefeitura soltou uma nota dizendo estar atenta ao aumento da violência e que irá atuar em parceria com as forças policiais.

Com informações do G1