A Coorte Jundiaí do Zika recebeu nesta sexta, dia 10 de dezembro, o equipamento de estudo aerodinâmico da parceria com a Fiocruz. Com esse novo equipamento, a Faculdade de Medicina de Jundiaí e o Ambulatório do Zika no HU se tornam um dos centros colaboradores para avaliar as sequelas urológicas relacionadas à síndrome congênita associada ao vírus Zika (SCZ).
De acordo com o professor da FMJ, pediatra do HU e pesquisador responsável pela Coorte Jundiaí do Zika, Saulo Duarte Passos, entre as sequelas relacionadas a Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ) está a bexiga neurogênica (BN), uma alteração grave no funcionamento da bexiga passível de tratamento, que quando é feito precocemente melhora o prognóstico da criança e reduz em até três vezes os riscos urodinâmicos que levam à lesão renal (Costa Monteiro, 2017). “Metade das crianças que tiveram zika vão apresentar problemas na bexiga. Com esse exame, vamos poder proporcionar um diagnóstico e evitar patologias mais sérias no futuro”.
“Recebemos todos os equipamentos, sem custo e inicialmente iremos atender as crianças do projeto Zika e depois a comunidade. Profissionais do ambulatório juntamente com os da urologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ) participaram do treinamento e realizaram o primeiro exame na Coorte Jundiaí. Somos os pioneiros no estado”, completou Sr. Saulo.
Pesquisa com resultados:
Esta sequela foi confirmada através de uma pesquisa pioneira no mundo, realizada em parceria FIOCRUZ/CAPES/CNPq/DECIT (Costa Monteiro, 2018 e 2019). Cerca de 50% dos pacientes tratados já foram reavaliados, e estão respondendo ao tratamento, inclusive com regressão de alterações urológicas avançadas que estavam presentes antes de tratar.
Com estes resultados, duas parcerias foram concretizadas na região nordeste, a mais afetada do país, e permitiram expandir o alcance deste diagnóstico. As investigações realizadas nas coortes de Campina Grande/PB (IPesq) e de Macaíba/RN (ISD) confirmaram a sequela.
O diagnóstico da bexiga neurogênica (BN) é feito pela realização de um exame específico, a avaliação urodinâmica, que é essencial para confirmar se a sequela está presente ou não. No entanto, de acordo com as informações disponíveis, somente 7% do total de crianças com Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ) confirmadas no Brasil tiveram seu sistema urinário investigado.
O que está ocorrendo com o sistema urinário dos outros 93% permaneciam uma incógnita, e estes pacientes poderiam estar perdendo a janela de oportunidade de reverter sequelas urológicas e tendo negado o direito eticamente garantido de acesso aos benefícios gerados pelos resultados da pesquisa.
Esta segunda fase da pesquisa visa corrigir esta falha, e fortalecer o cuidado a estes pacientes no SUS.
Resumo:
Título do projeto: Fortalecimento do cuidado às crianças com sequelas urológicas relacionadas à síndrome congênita associada ao vírus Zika (SCZ)
Coordenadora: Lucia Maria Costa Monteiro (IFF/FIOCRUZ)
Financiamento: CNPq e Decit, através da Chamada CNPq/MS-SCTIE-Decit Nº 22/2019 PESQUISAS SOBRE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E NEGLIGENCIADAS
Instituições participantes com centros colaboradores:
• Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ
• Instituto Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq), Campina Grande, PB
• Instituto Santos Dumont (ISD), Macaíba, RN
• Universidade de Pernambuco, Recife, PE
• Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA
• Faculdade de Medicina de Jundiaí, Ambulatório Zika Hospital Universitário, Jundiaí, SP
Fonte/Foto: FMJ e HU