Onça-parda, lobo-guará, tatu canastra, tamanduá-mirim, capivara, cachorro do mato, jararaca, cobra coral, tucano, seriema, veado-campeiro e jaguatirica são apenas algumas das espécies de animais que habitam o Parque Estadual do Juquery, que fica nos municípios de Franco da Rocha e Caieiras, na Grande São Paulo. Boa parte destes animais também são encontrados na Serra do Japi, na região de Jundiaí.
Ouriço (à esquerda) foi resgatado durante incêndio no Parque Estadual do Juquery. Ao lado, cobra também encontrada por veterinários voluntários que foram a Franco da Rocha — Foto: Reprodução/Redes sociais e WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
Há dois dias, um incêndio, que pode ter sido provocado pela queda de um balão, segundo as autoridades, queima a vegetação do lugar, que é o último remanescente de Cerrado da região metropolitana de São Paulo. Nenhuma pessoa se feriu.Mas, segundo a Polícia Militar Ambiental, a Coordenadoria Estadual da Operação Corta Fogo e veterinários e biólogos voluntários que estão na região, alguns animais terrestres e aves podem ter morrido queimados pelo fogo. Embora não haja confirmação sobre mortes, ao menos três foram resgatados: uma preá, uma cobra e um ouriço.
Na página oficial do parque no Instagram, foram publicadas fotos de alguns desses animais. Uma outra imagem mostra um bicho correndo, e o fogo atrás dele. Segundo especialistas, é um lobo guará, mas a Polícia Ambiental, no entanto, não confirmou qual é o animal da imagem nem se ele foi resgatado.
O Corpo de Bombeiros está no local desde domingo (22), quando o incêndio teve início. Nesta segunda-feira (23), equipes permaneciam na região tentando apagar as chamas.
Ao menos sete pessoas foram detidas no domingo por policiais suspeitas de soltarem balões na área. Ao menos uma dela pagou fiança de R$ 3 mil para ser solta e responder ao crime ambiental em liberdade. Os demais detidos também foram libertados. A Polícia Ambiental estuda a possibilidade de multar os baloeiros em R$ 10 mil cada um por infração ambiental.
Helicóptero da Polícia Militar atuando no combate ao incêndio no Parque Estadual Juquery, em Franco da Rocha, Grande SP — Foto: Reprodução/TV Globo
Veja abaixo os animais que foram resgatados e os que habitam o Parque Estadual do Juquery e as áreas verdes de serras:
Ouriço
Ouriço é resgatado após incêndio no Parque Estadual do Juquery em vídeo postado na página oficial do órgão — Foto: Reprodução/Redes sociais
Cobra
Cobra não identificada é resgatada após incêndio no Parque Estadual do Juquery — Foto: Reprodução/Redes sociais
Preá
Os preás são da mesma família das capivaras — Foto: Plano de ação para conservação/Reprodução
Onça-parda
Onça parda passou por exames no zoológico de Guaíra, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Lobo-guará
Lobo Guará registrado por armadilha fotográfica no DF — Foto: Grupo Brasília é o Bicho / Reprodução
Tatu canastra
O tatu-canastra se orienta pelo olfato, já que não é capaz de enxergar — Foto: Murillo Couto/VC no TG
Tamanduá-mirim
Após captura, tamanduá-mirim foi devolvido à natureza — Foto: CBM/Divulgação
Capivara
Justiça determina retirada de mais de 50 capivaras que vivem em condomínio de Sorocaba — Foto: Reprodução/ TV TEM
Cachorro-do-mato
Apesar de registrar mais as aves, este cachorro-do-mato também não escapou das lentes do biólogo. — Foto: Andrei Arrais/Arquivo Pessoal
Jararaca
Nove dos 12 tipos de genes que produzem a peçonha na jararaca eram muito parecidos com aqueles encontrados no DNA de outras espécies — Foto: Rafael Marques Porto/Acervo Pessoal
Cobra coral
No “Que bicho é” dessa semana você é desafiado a identificar as cobras-corais — Foto: Renato Gaiga
Tucano
Registro do tucano foi feito pelo filho Miguel, logo no primeiro dia de passarinhada em família — Foto: Fabio Mincarelli Monfrin/VC no TG
Seriema, ave típica do Cerrado, é símbolo do Parque Estadual do Juquery — Foto: Divulgação/Secretaria Estadual da Infraestrutura e Meio Ambiente
Veado-campeiro
Veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) vive em pequenos grupos de até seis indivíduos — Foto: Cláudio Timm/VC no TG
Jaguatirica
Jaguatirica (Leopardus pardalis) é o maior entre os felinos de pequeno porte do Brasil — Foto: Onçafari
“É muito triste porque vemos que um evento desse destruiu quase 90% de uma área de conservação que é o Parque Estadual do Juquery”, falou a capitã Paola Mele, comandante da 1ª Companhia do 1º Batalhão de Polícia Militar Ambiental, responsável por fiscalizar a região.
Doze agentes da Polícia Ambiental estão no local com 12 veterinários e biólogos voluntários para tentar resgatar animais que vivem na região. “Até agora não há registro de animais mortos, mas só saberemos disso quando os bombeiros apagarem mais chamas e pudermos entrar na mata para tentar encontrar mais bichos que não conseguiram escapar.”
“Uma preá foi recolhida e encaminhada para algum abrigo de animais mais perto. Mas ainda não tenho informação se ela sobreviveu”, contou Vladimir Arrais, coordenador estadual da Operação Corta Fogo da Fundação Florestal do Estado, que é vinculada à Secretaria de Infraestrutura e do Meio Ambiente de São Paulo.
Parque Florestal do Juquery após incêndio que queimou vegetação do cerrado — Foto: Divulgação/Polícia Militar Ambiental
Os bichos resgatados poderão ser levados para ao menos quatro locais, segundo as autoridades. Três deles ficam em São Paulo: o Centro de Manejo e Conservação de Fauna Silvestre da Prefeitura, o Centro de Recepção e Triagem de Animais no Parque Ecológico do Tietê, o Departamento de Parques e Áreas Verdes do Parque Anhanguera. E o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Barueri.
“Não estou na mata, tenho uma clínica veterinária na Zona Norte de São Paulo, mas decidi ajudar de algum modo. Então resolvi postar um pedido nas redes sociais para que veterinários voluntários que tratem de animais silvestres se disponibilizassem a ir para o local do incêndio ajudar no resgate e manejo desses bichos”, falou a médica veterinária Cátia Vulpini, que está num grupo virtual com cerca de 150 especialistas veterinários.
Parque Estadual do Juquery
Viatura da Polícia Militar Ambiental no Parque Estadual do Juquery — Foto: Divulgação/Polícia Militar Ambiental de SP
O parque foi criado em 1993, com o objetivo de conservar mata nativa e áreas de mananciais do Sistema Cantareira.
Além do Cerrado, o parque de dois mil hectares também abriga remanescentes de Mata Atlântica.
A principal atração é o “Ovo do Pato”, um mirante que fica a 942 metros de altura. De lá, é possível avistar a seriema, ave típica do Cerrado que é símbolo do parque.
O nome do parque foi dado em homenagem a uma planta que os indígenas encontravam em abundância às margens dos rios: a Yu-Kery, da qual extraíam sal para temperar alimentos.
Fonte: G1