Justiça decreta prisão de policias que mataram suspeitos em carro em SP – VÍDEO

A Polícia Militar instaurou um inquérito policial militar e afastou das ruas policiais que participaram de uma ocorrência que terminou com a morte de dois suspeitos, na Zona Sul de São Paulo. Vídeo que repercutiu nas redes sociais mostra os policiais atirando contra os suspeitos dentro de carro parado.

A Justiça Militar decretou neste domingo (13) a prisão preventiva dos dois agentes que efetuaram os disparos. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) ainda não informou quantos policiais atenderam a ocorrência e quantos foram afastados.

Segundo a pasta, as investigações seguem pela Corregedoria da PM e pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). “A Polícia Militar não compactua com desvios de comportamento e se mantém diligente em relação às denúncias ou indícios de transgressões ou crimes cometidos por seus agentes”, informou a corporação.

O vídeo que circula nas redes sociais mostra dois policiais militares atirando dentro de um carro em Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo, na noite de quarta-feira (9). Os dois suspeitos que estavam dentro dele foram mortos. Segundo os agentes da Polícia Militar (PM), os homens haviam cometido um assalto, roubando pertences de um carro e estavam fugindo no veículo onde foram mortos.

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Depois, de acordo com a PM, eles reagiram à abordagem policial, apontando armas para os agentes, que atiraram para se defender e mataram os dois. O ouvidor da Polícia, Elizeu Soares, analisou as imagens e disse haver suspeita de execução na ação policial contra os suspeitos. Segundo ele as cenas mostram somente os PMs atirando e não registraram nenhuma suposta troca de tiros para justificar a reação dos agentes.

“Pelas imagens há suspeita de execução e isso tem que ser apurado. Não há justificativa plausível para aquele desfecho com tiros pelos policiais”, afirmou Elizeu, neste domingo (13). “Ao meu ver, pelas imagens, teve ilegalidade.” Elizeu comentou ainda que irá pedir ao governo de São Paulo que acelere a implementação do uso das câmeras de monitoramento nos uniformes dos policiais.

“Tenho certeza de que se esses policiais estivessem com as câmeras acopladas aos uniformes, o desfecho desse caso teria sido outro”, falou o ouvidor. “O Estado de direito não comporta justiçamento. Câmeras protegem vítimas e policiais. Protegem a todos”.

Já o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos e segurança pública pela PUC- SP e membro do Grupo Tortura Nunca Mais, as imagens mostram que a versão dos policiais de que os acusados não se renderam, não se sustenta.

“Da mesma forma quanto ao confronto com o segundo acusado, que estaria na parte traseira do carro, que teria efetuado disparos contra os policiais. Pelas imagens, apenas os PMs efetuam disparos”, diz Ariel.

O advogado salienta ainda que os PMs, de acordo com as imagens, “em nenhum momento aparecem em posição de proteção diante de qualquer tipo de disparo ou agressão”. “Eles se posicionam como se os jovens estivessem desarmados e já rendidos. O posicionamento deles é claramente de ataque e execução”, diz o advogado.
“Quem é suspeito de cometimento de crime deve ser detido e não executado”, afirma o especialista.

Fonte: G1