A Coordenação-Geral de Segurança Viária do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) afirmou nesta sexta-feira (17) que vai investigar se o Chevrolet Celta deveria ter sido convocado para recall por falha no airbag.
Em janeiro, uma unidade do veículo se envolveu em um acidente que matou o motorista em Aracaju. Após meses de investigação, a Polícia Civil de Sergipe concluiu que o condutor morreu em decorrência de ferimentos provocados por fragmentos metálicos projetados do airbag do Celta 2014.
Segundo o laudo, o modelo usava o componente da japonesa Takata, estaria envolvido naquela que seria a primeira morte em função dos “airbags mortais” da Takata no Brasil.
O Denatran ainda informou que “cabe ao fabricante do veículo comunicar a abertura de campanha de chamamento dos produtos que possam gerar risco à saúde e segurança dos consumidores”. Isso é feito “usando o registro de todos os veículos envolvidos no recall diretamente no sistema Renavam”. A comunicação deve ser enviada ao Denatran e à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).
Segundo a Senacon, a GM, dona da Chevrolet, nunca convocou o Celta para recall por esta falha.
A empresa já chamou outros 291 mil veículos por esse tipo de falha em airbags.
Airbag da Takata do Celta envolvido em um acidente que matou o motorista em Aracaju — Foto: Reprodução
O Denatran também informou que não tinha conhecimento do caso, e afirmou que o próximo passo é solicitar à polícia de Sergipe informações sobre o acidente. Depois disso, irá ouvir a GM. O órgão não informou um prazo para que isso aconteça.
Loja oficial da Chevrolet no Mercado Livre anuncia airbag da Takata para o Celta — Foto: Reprodução
Apesar de não responder se o Celta usa airbag da Takata, a GM anuncia o airbag para o Celta da Takata em sua loja oficial de peças no Mercado Livre. A mesma peça também pode ser encontrada em uma revendedora especializada em componentes da Chevrolet.
O Celta ganhou airbags em 2013, pouco tempo antes de o item de segurança se tornar obrigatório, em 2014, e teve o equipamento até sair de linha, em meados de 2015.
Outro acidente
Ele pode ser mais um modelo envolvido no escândalo mundial que ficou conhecido como “airbags mortais”.
No Brasil, as peças defeituosas da Takata já tinham causado a morte de outro motorista, no Rio de Janeiro, pelo mesmo motivo, em 27 de janeiro, uma semana após o acidente com o Celta em Aracaju.
A perícia “determinou que houve a ruptura anormal do insuflador do airbag Takata, causando ferimentos que levaram à morte do motorista.” Na ocasião, foi a Honda quem divulgou a ocorrência, que envolveu um Civic 2008.
Até, então, este era o único caso de morte envolvendo as bolsas da Takata. No total, há 40 casos de explosão de airbags no Brasil, 39 da Honda e 1 da Toyota, com 16 feridos.
‘Airbags mortais’
Corey Burdick, uma das vítimas dos airbags da Takata, ficou cego de um olho — Foto: Reuters
O escândalo dos airbags mortais foi descoberto em 2013, e já provocou o maior recall da história, envolvendo mais de 100 milhões de veículos em todo o mundo.
Ao menos 25 mortes e 300 feridos estão relacionados à falha, de acordo com agência Reuters.
O problema está em uma peça defeituosa chamada insuflador. Ela é um tipo de caixa metálica que abriga o gás que faz a bolsa de ar inflar.
O defeito nessa peça causa uma abertura forte demais quando o airbag é acionado. Além disso, a falha gera trincas no insuflador e, com a explosão do airbag, ele se estilhaça, atirando pedaços de metal contra os ocupantes, causando ferimentos que podem ser fatais.
A quebra do insuflador e a forte explosão do airbag resultam de uma combinação de 3 fatores.
Os airbags da Takata usam nitrato de amônio para fazer a bolsa de ar abrir. O nitrato, por si só, é relativamente pouco explosivo. Ele se apresenta como um pó branco e é seguro, desde que não aquecido. O risco é maior após longa exposição do carro ao calor ou a ambientes úmidos.
A montagem do dispositivo da Takata permite que a umidade penetre no airbag e corrompa partes metálicas, que se quebram na explosão, rompem a bolsa e atingem os ocupantes.
Fonte: G1