Na sexta-feira (12), os dois maiores bancos privados do país deram o tom desse maior pessimismo com a economia brasileira neste ano. O Itaú reduziu a previsão para o PIB de 2% para 1,3%, e o Bradesco diminuiu a projeção de 2,4% para 1,9%. “O ritmo de retomada da economia brasileira tem sido inferior ao esperado neste início de ano”, escreveu o banco Bradesco em relatório.
Há uma série de fatores que explicam o fraco desempenho da economia brasileira:
- Prejudicada pela crise da Argentina e pela desaceleração global, a indústria ainda dá sinais claros de fraqueza;
- O desemprego segue num patamar levado, dificultando a retomada mais forte da economia;
- A confiança de consumidores e empresários recuou, inibindo a volta do consumo e de novos investimentos;
- Há incerteza com a rapidez da aprovação da reforma da Previdência, considerada fundamental para a recuperação da economia.
Os números mais fracos para a economia já estavam ficando evidentes no relatório Focus, do Banco Central. A pesquisa semanal, que colhe a avaliação de uma centena de economistas, já estava indicando um quadro de maior fraqueza com as projeções para o crescimento indo abaixo de 2%.
Se confirmados, os números de 2019 vão marcar mais um ano de frustração. Depois da queda do PIB em 2015 e 2016, o Brasil cresceu apenas 1,1% em 2017 e 2018.
PIB pode recuar no 1º trimestre
Com todo esse quadro mais adverso, os analistas avaliam que, no primeiro trimestre, a economia brasileira deve ter ficado estável ou pode até mesmo ter recuado levemente na comparação com últimos três meses de 2018 – Itaú e Bradesco, por exemplo, esperam queda de 0,1%.
“O primeiro trimestre amarga a falta de confiança que abateu a economia ao não se acreditar que a saída (da crise) será rápida”, diz o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. Um pouco mais otimista, ele projeta crescimento de 0,2% no primeiro trimestre, mas reduziu a previsão de avanço do PIB de 2% para 1,5% neste ano.
A GO Associados ainda mantém expectativa de crescimento de 2% em 2019, mas reconhece que é difícil chegar neste número. No primeiro trimestre, a consultoria prevê uma alta de 0,3%. Dessa forma, para alcançar um avanço de 2% no ano, o crescimento médio nos trimestres seguintes teria de ser de 0,55%.
“A reforma da Previdência é o que falta para ajudar num crescimento maior. Ela vai repercutir entre os empresários e levá-los a aumentar o investimento”, diz o economista da GO Associados Eduardo Velho.
A reforma da Previdência ainda está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Na terça-feira, o relator da proposta na CCj, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), votou a favor da tramitação da reforma.
G1